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Institut Chiari & Siringomielia & Escoliosis de Barcelona

Fibromialgia ou Síndrome de Fibromialgia

Última atualização: 03/03/2020, Dr. Miguel B. Royo Salvadornúmero de registro médico: 10389. Neurocirurgião e Neurologista.

Definição

A Fibromialgia ou a Síndrome de Fibromialgia tem uma incidência geral na população entre 1% e 8% e afeta, principalmente, as mulheres. A Síndrome de Fibromialgia é definida como primária ou idiopática quando não está relacionada a outra patologia. Já quando o seu diagnóstico está relacionado a outras patologias clínicas (principalmente doenças crônicas), é considerada secundária.

A partir de 1984, as Síndromes de Sensibilidade Central foram propostas como conceito patológico, englobando diversos processos com características comuns, entre os quais estão o da Fibromialgia, o da Síndrome de Fadiga Crônica, entre outros.

Figura 1


Sintomas

A Fibromialgia se manifesta com uma dor músculo-esquelética crônica generalizada (dor nos músculos e/ou ossos), relacionada à rigidez e a sintomas extra-esqueléticos, que afetam vários órgãos e sistemas. Entre estes últimos, os mais frequentes são: dor intestinal, cefaleias, taquicardia, transtornos menstruais, falta de fôlego, insônia, ansiedade, desânimo, depressão, além de dificuldades cognitivas de memória, atenção e concentração. Também se caracteriza por um intenso cansaço e uma fadiga fácil.


Causas

AAtualmente, a Fibromialgia não tem causas específicas reconhecidas. No que se refere a pesquisas sobre as mesmas, o que se sabe é o seguinte:

  • Os estudos atuais das imagens funcionais respaldam a teoria de que muitos sinais e sintomas da Fibromialgia podem ocorrer devido a uma disfunção do sistema nervoso central e que esta seja a causa de um processamento alterado dos estímulos sensoriais.
  • Além disso, os estudos atuais reconhecem uma forte correlação entre a Fibromialgia e as doenças do sistema nervoso central.
  • Em particular, existem muitas evidências sobre a deterioração neuroendócrina e autonômica na Síndrome de Fibromialgia, com sintomas muito similares aos manifestados, em uma porcentagem alta, por pacientes com a Doença do Filum. Isto levou alguns(a) autores(as) a expor que, ao menos, em um subconjunto limitado de pacientes, a Fibromialgia pode ser considerada um epifenômeno da Doença do Filum.

-Segundo o método médico Filum System®:

Neste último caso, se observa que, em alguns(as) pacientes, a Fibromialgia pode ocorrer devido a um mecanismo congênito de assincronia no crescimento, durante a fase embrionária, entre a medula espinhal e o sistema nervoso central com a coluna vertebral. Isto gera uma força de tração medular anômala, transmitida desde o cóccix, por um Filum terminale muito curto e tenso, até o crânio. Considera-se, então, que a tração anômala provocada pelo Filum terminale pode ser uma causa de predisposição ao desenvolvimento da Síndrome de Fibromialgia.


Diagnóstico

Os sintomas da Fibromialgia costumam aparecer e desaparecer ciclicamente. Isto, somado à falta de conhecimento sobre quais seriam os exames específicos para detecta-la, dificulta o seu diagnóstico, o que, consequentemente, atrasa a aplicação de métodos de tratamento, mesmo que estes sejam somente conservadores.

Em 1990, a Escola Americana de Reumatologia estabeleceu os critérios diagnósticos, atualmente aceitos, da Síndrome de Fibromialgia. Em 2010, foram propostos novos critérios, que estão pendentes de validação.

Em casos de Fibromialgia, foram observadas alterações inespecíficas na Ressonância Magnética funcional que são sobreponíveis a outros quadros de dor crônica, como: mudanças no volume da substância cinzenta e branca, nos níveis de N-acetilaspartato, colina ou glutamato; principalmente, no hipocampo, ínsula, córtex pré-frontal e cingulada.

Devido à mencionada descoberta de diversos casos de Fibromialgia relacionados ao diagnóstico de Doença do Filum, o método Filum System® sugere que se proceda a Ressonância Magnética encefálica e da coluna vertebral para se comprovar a presença de sinais que indiquem uma tração anormal da medula espinhal, como possível alteração visível de neuro-imagem na Síndrome de Fibromialgia.


Fatores de Risco

Os fatores de risco que predispõem uma possibilidade maior de se ter Fibromialgia são:

  • Sexo: é uma doença mais frequente no sexo feminino (a relação entre feminino/masculino é de 6/1)..
  • Idade: a Síndrome de Fibromialgia pode afetar a pacientes de qualquer idade, mas se observa que a sua incidência aumenta com o passar dos anos.
  • Genética/Antecedentes familiares: o desenvolvimento da Fibromialgia parece ser mais frequente em pessoas com familiares que padecem desta patologia. Além disso, a tração caudal produzida por um Filum Terminale excessivamente tenso, à qual denominamos Doença do Filum, consiste em uma patologia congênita, podendo, portanto, ser transmitida entre familiares..
  • Estresse: foi constatado que o estresse físico ou mental pode ser um fator desencadeante da Fibromialgia..
  • Outros: se detectaram, em vários casos, infecções bacterianas ou virais, acidentes ou outras doenças (por exemplo, artrite reumatóide ou lúpus) como agentes desencadeantes, que não parecem causar a Fibromialgia, mas despertar a anomalia de resposta típica desta doença.

Complicações

  • Piora da qualidade de vida: os sintomas de dor generalizada e de fadiga crônica na Fibromialgia podem aumentar e diminuir ciclicamente. Também os sintomas que afetam a parte cognitiva podem retroalimentar, em um círculo vicioso, os de dor crônica, provocando também depressão e/ou ansiedade. Tudo isto influi na piora da qualidade de vida dos(as) pacientes, que se sentem limitados(as) pelos sintomas, além de frustrados, devido à incompreensão em relação a esta doença, cuja falta de reconhecimento supera as suas próprias manifestações.
  • Dor crônica: os sintomas de dor nos músculos e nos ossos, as cefaleias, a dor intestinal e a dor generalizada, entre outros, podem chegar a ser recorrentes ou crônicos, que podem complicar posteriormente a condição dos(as) pacientes.

Tratamentos

Esta síndrome não tem cura definitiva. Atualmente, o tratamento da mesma tem como finalidade o alívio da dor, cuidar de alguns outros sintomas e conseguir a melhoria da qualidade de vida dos(as) pacientes. Atualmente, diversas especialidades estão envolvidas no tratamento da Síndrome de Fibromialgia, como Clínica Geral, Reumatologia, Reabilitação, Fisioterapia, Psicologia, Dietética, etc.

Quanto à nossa especialidade, um estudo publicado pelo Dr. Mantia e colaboradores, em 2015, baseado na aplicação do Filum System®, comprovou que a abordagem cirúrgica, aplicada à Fibromialgia antes da fisioterapia, pode beneficiar aos(às) pacientes. Tal tratamento está indicado sempre que se confirme previamente a existência de sinais da Doença do Filum, correspondente à Fibromialgia em nível etiológico, ao menos em um subconjunto de casos.

Desde 1993, com a publicação da tese de doutorado do Dr. Royo Salvador, que relaciona a tração caudal de todo o sistema nervoso pelo filum terminale, como causa de várias doenças, se definiu um novo tratamento, que neste caso é etiológico ou quanto à causa. Isto porque, ao se seccionar cirurgicamente o Filum terminale, se elimina a força de tração medular caudal responsável pelo mecanismo patológico.

Nossa técnica de secção do Filum terminale é minimamente invasiva e se costuma indicar em todos os casos diagnosticados e o antes possível, porque tem riscos mínimos e ainda detém uma possível evolução da doença.

A Secção do Filum terminale

Vantagens

1. Elimina a tração da medula espinhal provocada pelo ligamento quando é demasiado curto ou tenso.

2. Com a técnica cirúrgica minimamente invasiva própria do ICSEB, o tempo cirúrgico é de 45 minutos. Poucas horas de internação. Anestesia local. Pós-operatório curto e sem limitações. Sem internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Sem transfusões de sangue.

3. Sua aplicação supõe 0% de mortalidade, sem sequelas.

4. Melhora os sintomas e detém a evolução nas patologias relacionadas à Doença do Filum.


Resultados

Foi possível observar que, em pacientes com Fibromialgia submetidos(as) a tratamento cirúrgico de Secção do Filum terminale, segundo o método Filum Sistem®, e que logo fizeram sessões de fisioterapia, houve uma melhora significativa na maioria dos casos em comparação com os de pacientes que somente se submeteram à fisioterapia.

Depois da fisioterapia, os(as) pacientes tratados(as) cirurgicamente mostram uma importante melhoria dos sintomas, com menos dor e mais qualidade de vida.


Referências Bibliográficas

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